domingo, 15 de março de 2009

Musica e literatura

Sábado de uma semana qualquer. Subi as ladeiras um pouco atrasada, parei na bilheteria do teatro e pedi um ingresso. Perguntaram se era só um mesmo, não entendi, respondi que sim, quase continuando com um por quê. Muita gente bonita, e descolada. Consegui a infeliz proeza de sentar na última fila, cadeira M7. Um rio de cabeças abaixo da minha visäo, imaginava o que se passava em cada uma, cada cabeça um mundo. Estava eu em uma galaxia, esperando começar o show do Moraes Moreira. Vi aquela figura corpuda e cabeluda, de óculos escuros, um personagem. As músicas do primeiro disco dos Novos Baianos, lançado em 1968, abriram o show, intercaladas com citaçöes de trechos do livro que estava sendo lançado naquela noite: A história dos Novos Baianos e outros versos. História, poesia e música, me senti em casa. Moraes Moreira sem nenhum auxilio, declamava páginas do livro. Comecei a perceber que ele o havia escrito, pois decorara as centenas de palavras perferfeitamente encaixadas.
Adoro biografias, mas nunca confio intereiramente nelas, pois o olhar de um escritor de biografia está impresso em cada linha, por uma lógica do autor. Desconfio da imparcialidade. Desconfio da realidade, mas adoro as histórias dos outros.
O show acabou com as 400 pessoas em pé, dançando Flor de Maracujá.Näo comprei o livro, e a noite terminou emendada com o dia, regada a cerveja e boa companhia. No meio da noite, me lembrei de uma observaçao clichê de Moraes Moreira "Se Deus me aparecesse e me oferecesse a oportunidade de mudar algo na minha vida, eu diria - ótimo, se eu posso mudar algo faria tudo de novo"

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