quarta-feira, 29 de julho de 2009

solidão fria

Inverno frio e chuvoso. São Paulo. Estou há três anos morando aqui.
No primeiro ano achei o inverno delicioso, uma novidade pra quem passou a vida quase toda numa cidade onde só a estação verão predomina o ano inteiro. No segundo ano senti o inverno como algo legal e natural, havia de passar por ele, por que reclamaria? Este ano, o terceiro, me deixei contagiar pela depressão dos dias frios e curtos, do sol tímido entre nuvens nebulosas. Essa sensação não é minha apenas, fácil notar todos um pouco mais ranzinzas e reservados. Nesta época do ano, quando a luz solar aparece por vezes, 17h00 da tarde começa a desaparecer. A noite fica interminavelmente longa. Noite sem fim, classifico. Infelizmente vou começar a contar os dias, meses, anos, a deixar este belo e charmoso lugar. Preciso de luminosidade, dias longos, noites breves. Pode ser que na primavera eu mude de idéia e no próximo inverno volte a encontrá-la. Enquanto isso conto com o caloroso sabor do vinho e dos amigos.
Escrevo mais.
Solidão fria. Os ventos do Norte me batem mais forte.

beira do planeta


Nunca tinha parado pra pensar na beira do planeta. Mas um amigo me fez refletir sobre o assunto, após um comentário seu dizendo que queria se jogar da beira do planeta. E o planeta Terra tem beira? perguntei. Ele respondeu, lógico que sim, mesmo em formato redondo, o planeta é um pouco achatado e existem partes de beira. Tá, concordei, tudo bem que existe a beira, mas é impossível se jogar dela, sem parar onde se pulou, a gravidade não permite você se jogar de lá. E outra, mesmo desconsiderando o poder da gravidade, vai ter que passar uma vida de calculos para conseguir encontrar esta tal de beira. Vai dar um trabalho horrível, fora ainda descobrir que a beira se localiza no fundo do oceano ou no alto de uma montanha gigantesca. Disse que ele não tinha o que fazer, e que se quisesse morrer que se jogasse do alto de um prédio, menos complicado. Ele disse que em nenhum momento havia pensado em morrer, apenas queria se jogar da beira do planeta. Conclusão: encorajei-o a estudar estes cálculos complicados, encontrar a beira do planeta, e se por sorte, for em lugar plano e de fácil acesso, colocar uma cadeira ou uma escada e pular. Pronto, assim fica mais fácil se jogar, sem se machucar tanto.
Que conversa maluca de bêbados saturados de assunto. Minha nossa, eu mereço gastar meu intelecto com questões deste nível?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

saudades

Saudade dos infernos!!!!!!
Quero meu docinho agora.........
Meu doçunildo. Suas conversas filosóficas, sua doçura pueril, as respostas afiadas e coerentes, e sua doce presença de madrugada na minha cama. Quero ele lendo um parágrafo do meu livro e uma página inteira do seu. Quero sua pele macia me dando um beijo a qualquer momento.
Quero meu filhote.
Quero contar-lhe como foi meu mês e minha vida inteira. Quero ouvi-lo falar o que lhe der vontade de dizer. Quero fazer o bolo de chocolate que mais gosta. Quero cantar: me dê a mão vamos sair pra ver o sol...a chuva...o cachorro...Quero rir com ele, rir dele, rir de mim com ele, ouvir sua risada. Quero correr no corredor pra ver quem chega primeiro, acordar mal humorada e feliz arrumá-lo pra ir pra escola, brigar pelo simples fato de ser mãe e querer seu melhor, acalentar seu choro de dor após uma queda no parque, dar-lhe de presente o mais feliz sorriso....quero meu filho de volta das férias.
Basta eu esperar mais 7 dias, desconsiderando os outros incontáveis que já vivi com sua ausência. Esperarei mais ansiosa ainda. Meu filhote faz parte 6 anos da minha vida, tirando os meses de gravidez.
Talvez eu seja como uma mãe qualquer, mas como toda mãe não fujo do clichê de achar que meu filho é o mais amado de todos.

pra ler ouvindo sweetest thing

Tentativa:
I-Um toque, uma música, uma cena. Mais doce que meus olhos.
Sentado no cinema te vi assistindo Paris. Na poltrona ao lado, assumi meu lugar. Segurei firmente seus longos dedos e uma purpurina leve caiu em nossas cadeiras, nossos casacos sacudiram sem furtar o colorido. Senti a encorajada mão esperada aquecer o meio das minhas coxas, provei do veneno febrío ao morder um pedaço do seu pescoço. O filme virou breu. Suspeitei da minha loucura disfarçada. Mal podia enxergar algo, só seus olhos.

Poderia escrever de outra maneira? Vou tentar.
II-Te vejo sentado no cinema, olhando o filme. Me perco no teu olhar, vejo todas as cenas, sinto as trilhas, através dele. O calor das tuas mãos entre minhas pernas me colocam em suspensão momentânea. Mal posso enxergar e teus olhos resplandecem o cheiro do teu pescoço. Uma mordidinha pra sentir teu veneno. Tua barba no meu rosto e suspeito minha loucura. Louca de amor? Um cineminha inesperado me faz te sentir desse jeito? Mais doce que meu olhar? Você estava lá, com os olhos sem parar um minuto de falar. Eu ouvia seu tédio. Doces olhos. Suspirava acostumada.

Talvez teria outra forma de contar?
III-Ele estava lá, mais doce que meu olhar. Parecia toda a verdade, ensolarado de dúvidas, e enluarado de verdades. Soprou um sabor inexistente. Eu desatenta a mirar-lo no cinema, morria sem suspeitas. Ele tinha na visão o filme, através dela consegui compreender a história. Ele, encorajado, aqueceu suas mãos entre minhas pernas, eu abobalhada suspirei acostumada. Seus olhos não pararam de falar, e eu ouvia seu tédio. Doces olhos. Seus olhos me guiaram para o sempre amor, até me deparar com eles fechados. Sucessivas manhãs cegas. Eu acreditava que esses olhos fossem pra sempre me acordar.

Vou tentar uma melhor:
IV-Mais doce que meu olhar.
Estava te vendo desatento em uma cadeira de cinema. Sua visão era do filme, a minha era a sua. Pelos teus olhos consegui ver a história, nosso filme. Sua mão encorajada se aqueceu entre minhas pernas. Seus olhos não paravam de falar. Falavam de Paris, da morte, da vida, da calada noite fria, de você. Peguei seus dedos e me deparei com seus olhos fechados, continuei acreditando neles. Doces olhos. Por que tudo arrabenta no amor?
Seus olhos me levaram até ele, e o amor creditou-me morrer sem eles.

visões do 16 andar... radial leste


Na grande avenida, há poucos carros que a percorrem sem saber pra onde vão. A porcentagem é tão pequena que nem entra nela. Alguns carros, a maioria, correm na velocidade máxima, e certos até a ultrapassam. Correm, correm, vão, vão. Pretendem chegar a algum lugar. Uns de cor e salteado, outros no sentido das placas. Uma pequena parcela está errada do caminho, mesmo assim vão, tem de ir. Não é permitido parar, nem acostamento existe. Seguir direto, ou desviar à esquerda, ou à direita, é obrigatório . Retornar quiçá bem lá na frente. Acostamento inexistente. Parar pra dar um beijinho, pedir uma informação, nem em sonho. Semáforo será encontrado em vias transversais. Se precisar parar vire na próxima entrada à direita. Talvez um assalto, em caso provável de congestimento, lhe tire a tranquildade sem temor, com um vidro quebrado, e algo furtado. A via é expressa, só vai quem sabe onde quer ir. Não importa se desconhece a forma de chegar, ela te leva no lugar pretendido. A via serve pra quem sabe onde quer ir, conhecendo ou não o caminho, o fundamental é saber pra onde vai. Se você quiser ir pra Outro Lugar, esqueça a via, o carro, ande do seu jeito, viva seu momento. Espero você chegar.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

rindo à toa

Uma noite memoravel para viver e para saudosear outras.
Num passeio na Vila Madalena, reduto da boemia paulistana, encontrei amigos especiais, falei égua e escangalhado sem me preocupar com o entendimento alheio. Ri muito com meus velhos e novos amigos. Que doce prazer rir à toa, com pessoas especiais nem se fala. Conversamos sobre amor, comidas, futilidades, viagens que pretendemos realizar, e ainda fui presenteada com um livro de Clarice Linspector, A paixão segundo G.H. Encontrei Seu Jorge tentando tomar um chope e comer um torresmo no anonimato como eu, mas desistiu e foi embora com sua solidão frustada de artista famoso. A noite terminou com todos na casa da minha amiga chará, com leitura de Martha Medeiros, boa música, e uma linda surpresa: o quadro A Dança de Matisse sorriu pra mim na sala de estar. Não pude deixar de continuar rindo à toa. O amor está em todo lugar, o amor dos amigos, das conversas e das saudades.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

credibilidade

Estou cansada das mentiras que somos obrigados a consumir. Tipo comercial de hidratante, onde uma loira rica e famosa nos garante que usa e ainda deixa sua pele macia. Me poupe. Uma celebridade rica e linda vai usar um hidratante que vende nas prateleiras de supermercado, que custa uns R$ 8,00 no máximo? Pra quem não sabe, quando você compra um produto, o preço da propaganda está incluso nele, ou seja, pagamos cachês altissimos para que certos artistas encham nossos momentos de lazer com mentiras cabeludas. Mas não é só isso que me incomoda, eu desisti de assistir canal aberto, e pago literalmente um preço mais alto para usurfruir de uma programação mais selecionada. Mesmo assim, o pouco tempo que dedico a televisão não me livra dos filmes publicitários de última. Uma situção a mais me causou um sério desconforto quando assistia a um programa de entrevistas com uma beldade baiana. Sou fã de programas do gênero, não da cantora em questão. Ela disse que leva uma vida com uma alimentação saudável, com exercicios fisicos e tal, e que não gosta de bebidas alcólicas. Prestem atenção, a pessoa citada não consome bebida com alcool. Até ai tudo bem, acho de certa forma louvável uma vida com pouco ou nenhum excesso, se não fosse o comercial no bloco do programa mostrar a mesma figura em uma propaganda de cerveja, fazendo analogia do produto com diversas sensações gostosas da vida. Não me lembro se ela chegou a tomar um gole, sei que segurava o copo ou a garrafa da cerveja. Que fique claro, não sou contra a publicidade, até em parte vivo disso também, só acho que nós telespectadores, público-alvo, cliente, qual seja a definição, não somos tão burros. Chega de subestimar o público. Já que faz parte do pacote, na grade da programaçao televisiva, nos cinemas, nas revistas, e etc, que a publicidade tenha um minino de responsabilidade com a inteligência alheia. Credibilidade é o que querem nos passar, então que nos passem de fato.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

tum, tum...

(um reencontro casual de ex-namorados numa boate.)
Por quê me esqueceria destas coisas? Você bem sabe que pouco me esqueço das coisas especiais.
Claro, naquela época meu cabelo era encaracolado, aliás, no dia que começamos a namorar eu vestia calça bege e blusa de crochê marrom. Meus seios transpareciam na blusa? Ah, que vergonha, disso nem sabia, hahaha. Imagino então sua paixão repentina por mim. Tá bom, eu era uma garota especial, até acredito que era uma garota...mas especial, na época duvidava muito. Lembra quando você viajou pra Natal? Cara, fiquei muito tranquila, desde àquela época já tinha a mente aberta, pouco me incomodava com chifres. Sei, infelizmente não deu tempo disso, você adoeceu e teve que voltar correndo pra mim, fiquei muito feliz em te rever, mesmo vendo você todo empipocado de catapora. Hahaha, você ficou um gatoooo!!! Depois que terminamos? Na verdade quem terminou foi você, sofri muito na época. Claro que te amei, você não? Ah bom, pelo menos a recíproca foi verdadeira. Depois que terminamos conheci outros caras, me apaixonei de novo, e te esqueci. Claro que esqueci, por que me lembraria? Não vem com esse jeito, hoje tenho os pés no chão. Peraí, tem gente olhando. Você sabe que meu cabelo sempre foi cheiroso. Dá pra largar minhas mãos? Me solta, não quero. Por que não quero? adivinha... Sei que teu beijo é ótimo, mas não vou te beijar, dá pra não insistir? Tá bom, eu danço essa música, só essa, mas não esconta tanto. Não acredito que você pergunta se sinto saudade, lógico que não. Cara, peguei o trem e fui parar em outra estação. Adoro essa música...tum, tum, bate coração. Você dança tão bem, tinha me esquecido disso. Aii, assim fico arrepiada. Se gosto? Não deveria, mas é bom, não nego. Pera, não posso, sou noiva. Ahhh, só um beijo vai, mas em off...

sem juízo - I PARTE

...Quando ele me olhava assim inteira, sentia minhas pernas trêmulas e minha boca tímida. Ele não sabia o perigo que estava correndo. Assim mesmo me olhava os defeitos e virtudes, molhava meus pensamentos ocultos...

Claudio não só veio do sertão como sabia muito o que fazer nas terras gaúchas. Ganhar garotas loiras e brancas virou seu greencard na região. As meninas calavam com sua boca rosada e carnuda. Claudio com sua estatura mediana, pele clara, e cabelos devidamente ondulados, olhava cada presa em partes divididas, primeiro as pernas, em seguida as mãos, os seios, os cabelos. Evitava os olhos, preferia não se apaixonar.
Eu um dia andei passando na sua frente, na verdade dançando. Um blues desavidado e pertinente alcançou nossos caminhos. Uma música francesa. Eu ia , ia, ia. Monsieur cantava. Vi seus grandes olhos sensuais e continuei o balé até seus braços. Meus cabelos negros em disparate aos seus anseios, denuciaram uma bela guria. Desavisados estávamos.
Demorei a entender a angústia de Claudio. Ele tomou as rédeas da minha vida e me levou a lugares que nunca imaginei conhecer. Meu corpo atravessou a barreira do pudor e em sigilo reuniu os todos prazeres indefiníveis de uma alma em brasa. Olhava meus olhos castanhos e acendia a natureza da paixão. Colei minha pele à dele, e sorrimos por infindáveis tempos.
Um dia qualquer, sem querer, coloquei nosso amor à prova. Uma amiga do interior do Rio Grande do Sul adentrou minha história quando ingenuamente em conversa por telefone implorou-me uma temporada curta na minha casa. Por problemas quaisquer Vânia precisava passar uns tempos nos ares da capital gaúcha. Claudio reclamou a invasão de nossa privacidade, mesmo que por período curto. Torci o nariz até ele aceitar tal imposição.
Até então não costumava me arrepender por nada. Aceitava os erros como parte insdispensável de um saudável amadurecimento. Mas quando notei a suada angústia de Claudio ao ver Vânia, bela loira de tez e seios rosados, quase virgens, me senti desesperadamente arrependida.
Claudio desde que me conheceu, ignorava as loiras e qualquer mulher que pudesse acalentar seus sonhos masculinos. Seus sonhos sexuais e amorosos perteciam a mim, e lhe sobravam gozos e vaidades.
Vânia surgiu pra provocar a natureza humana. Entrou leve numa quarta-feira de maio, com um vestido bege e provocante. Abriu um largo sorriso e beijou meu rosto demoradamente. Claudio de espanto sentou no sofá e suou a testa.
...

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