terça-feira, 29 de setembro de 2009

carta de amor

Todas as cartas de amor são ridículas...

Júlia encorajada com seus 30 anos foi adiante e seguiu com palavras em uma carta de amor ridícula, como tantas outras:
Caro Vitor,
Te peço pra ouvir-me por um instante, talvez alguns minutos sejam suficientes.
Não se evaideça com meu amor, não há mérito algum seu nisso. Meu amor subsiste na sua existência, você existe e por esse motivo te amo, e isso não depende em nada do seu querer, muito do meu. Mesmo com as ilusões mortas te amo melhor, livre de utopias. O amor tornou-se calmo, sereno, real, o que não me insenta da dor. Hoje vivo um sofrimento valente e corajoso, enfrento a tragédia com plena convicção da destruição como certeza do desfecho do divino destino do amor. Te peço um grande favor, não me encontre como pessoa qualquer, me tenha importância se não existir amor, e se presente o tiver empalideça seu rosto ao me encontrar e core em seguida na mais romântica recíproca.

...não seriam cartas de amor se não fossem ridículas...só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas...(Álvaro de Campos - Fernando Pessoa).

terça-feira, 15 de setembro de 2009

entrelinhas

Tinha acabado de almoçar com a equipe de gravação, corri antes de todos terminarem a refeição e fui pagar a conta (produtora sempre cuida de quase tudo e antes de todos), e segui para a frente do restaurante a tempo de fumar. Delicadamente rápida peguei o cigarro e visualizei o esmalte das unhas vencido, fugi dos detalhes. Com a intenção de desacelerar meus pensamentos e a adrelina, acendi o cigarro e quedei-me parada a curtir a paisagem urbana e um pequeno senhor com seu andar vagaroso. Ele firmou seu olhar no meu, pensei que fosse me recriminar por estar fumando, ou simplesmente me cantar. Não, nada disso. Com minha cabeça voltada para os furacões negativos do dia a dia só podia pensar besteiras, o senhor me pediu licença e disse:
- Minha jovem, não pude deixar de admirar você tragando este cigarro com tanto sabor, parece estar delicioso. Aproveite menina, a vida é muito rápida pra ser pequena!

A emoção tomou minha conta, e o sol, as flores e as pessoas ficaram bem coloridos neste dia.
E a vontade de deixar o vício veio junto a de aproveitar a vida por muito mais tempo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bomba Magnífica



A Bomba Magnífica ecoou nos ouvidos do menino e sua mãe. Eles pularam e desembestaram para o banheiro, onde a luz foi suavemente interrompida. Por quem? Quem apagou a luz ? Quem os deixou na escuridão?
Logo o menino esperto viu um morcego. Como ele viu, se estava escuro? Com olhos infra-vermelhos? Esse menino possui muitos mistérios.
O menino Hugo e sua mãe maluca se abraçaram de medo, até que um dedo qualquer acendeu a luz. Tudo voltou ao normal, não fosse o pequeno Hugo assustar o morcego que ninguém achou. Será verdade que esse morcego existiu mesmo? Ou o pequeno blefou com sua mãe maluca.

Texto de Patricia Lio em parceria com Hugo Lio Chaves.

terça-feira, 1 de setembro de 2009


Falar de amor sempre me faz lembrar de coisas que ninguém viu. Milton Nascimento me canta Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor e ouço com todas minhas razões fantásticas. Ninguém vê, ouve, sonha. Por que não viveria este dia se ele veio pra mim? Por que ouviria uma música e deixaria de escutar? Me deixe, preciso um pouco de insensatez, pois tenho muito a perder... ilusão? Pouco parece ser real, só vejo o que me interessa.

quando entrar setembro

Gosto de olhar as luzes dos prédios vizinhos quase todas apagadas. Mal escuto o som corrente dos carros e motores. No momento desisto de tentar uma nova conversa e o doce silêncio me deixa a sós, ouço sem mágoas barulhos surdos dos meus dedos no teclado. Acho que chegou setembro, com seu tudo e nada. Hora de soltar os balões, frases e paixões. Um caminhão barulhento, agora, não tem vergonha de zumbir minha sala inteira gerundiando todas as pertubações que o silêncio atura e suporta sem glória. Posso deixar pra lá os infortúnios acasos.
Setembro chegou, sempre foi meu mês predileto. Ele sempre vem pra me causar, povoar minha idade, minha vida e aspirações, completar meus anos incompletos e começar meus anos adiante. Mês da primavera, setembro, lindo setembro. Flores, flores e mais flores.
A todos os setembrenses lisongiosos parabéns.

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